É hora de voltar

 

 

O passado precisa ser visitado. Não podemos ficar lá, é claro; mas nutri nossas forças a partir das boas experiências para evoluir. A proposta, se o leitor acompanhar até o final desta leitura, fazer essa visita para reviver bons momentos e extrair momentos bons para os momentos de hoje em dia.

O domingo do passado...ah, doce memória de infância, cadências e aromas que não se veem mais. Logo aos primeiros raios do sol, a passarada rompia a alvorada num uníssono, qual uma louvação perene ao Criador. O sino da matriz chamava à Missa. Vassouradas sacudiam a poeira das calçadas. Um cheiro ativo de carvão sendo aquecido no fogão se somada ao denso aroma de um café torrado, natural e puro. Na venda de "Seu Zeca", as compras se sucediam: pão, cajuína, macarrão. Ora, macarronada com galinha era prato certeiro desse dia e banquete nas mesas mais simples. As pessoas se espalhavam pelas ruas, indo para a igreja; outro para os campos improvisados jogar boa e alguns ainda para pescarias. A serenidade de um dia eleito para descanso. Não se via qualquer sinal de faina, e sim um movimento uno de prazer e alegria por mais uma semana que encerrava e outra que iria chegar. Era domingo, aproveitar. 

Na Rádio Difusora a Santa Missa se escutava com o chiado típico do AM, nos rádios "ABC, A Voz de Ouro", um verdadeiro móvel que ornava a sala de estar. Ou em rádios menores à pilha. Nos lares modestos, um rádio de 12 faixas. Não havia indícios de televisão - coisa de rico. Não importava. Após o almoço as calçadas sediavam as redes sociais: grupo de pessoas a conversar, pilhar, fofocar; enfim: conviver - coisas distantes de nosso tempo. Tristeza chama quando nos vemos presos por cadeados e correntes e nossas praças vazias.  O domingo está virando um dia qualquer, sem qualquer adereço que configure estas horas de deleite para o ser e mente.

É hora de voltar. Ao cinza dos nossos dias