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PARA LER E RELER | Quando é Tempo de Romaria

José Batista Neto 

 

Quando vai chegando o final de agosto, o coração do romeiro se aquece. Os carros começam a ser “alugados”, as provisões elaboradas. “Vamos pra São Joaquim ver padim Frei Damião”. Uma festa antiga, que remonta à época de 70 do século passado, quando o frade em vida realizava missões concorridas na pequena São Joaquim do Monte, no coração do Agreste.  

Pelas picadas, estradas de terra, pessoas simples, mas com uma devoção que palpita iam se unindo até se formar um grande cortejo, qual seja, a romaria. Todos queriam ouvir os conselhos do capuchinho, ter a chance de se confessar, celebrar e acima de tudo, uma sede das coisas do céu, que marca de modo expressivo a religiosidade popular. A seca, a falta de justiça social, a desigualdade machucava esse povo que marchava em busca do consolo da Terra e do Céu. Num palanque improvisado ao lado da Matriz de São Joaquim, uma rural fazendo as vezes de "sistema de som" completado pela "difusora da torre da igreja" e um silêncio digno de nota eram o cenário para os sermões do Frei Damião. Falava do Reino do Céu, do Inferno e a necessidade de mudar de vida e voltar o olhar para Deus. Ao seu modo, traçava as linhas dos costumes que deveriam ser adotados e as implicações de uma vida dissoluta.  

Os anos foram se passando, a idade pesando de modo a quase inclinar por completo o Capuchinho. Mas, todos os anos lá estava ele, esperando com ansiedade pelos romeiros. Um cortejo de carros o aguardava em Camocim de São Félix, e quando o veículo especial passava, todos seguiam pela PE 112 até São Joaquim do Monte. Uma demorada girândola de foguetes saudava o venerado religioso, ladeado por Frei Fernando Rossi e o Padre Pedro Antônio, que se tornara amigo especial e incentivador dos grandes encontros dos romeiros.  

A morte veio e cobrou o tributo. Frei Damião retornou à Casa do Pai, mas suas motivações capitaneadas por padre Pedro se transformaram na continuidade das missões mesmo sem presença em vida do frade, nascendo assim, a Romaria do Frei Damião que redunda pelo Nordeste como um dos maiores encontros de romeiros existentes. E lá vamos nós para quase 30 anos desse movimento que mesmo com a Pandemia da COVID-19 não deixou de ser realizada, de um modo diferenciado graças a tecnologia de comunicação atual. 

Hoje, tendo como condutor o padre Isael Torres a Romaria do Frei Damião consolida São Joaquim do Monte como terra dos romeiros devotos, e esse selo é perpétuo. Passarão gerações e essa festa seguirá, como prévia do que acontece pra sempre no Céu. 

A Romaria é dos Romeiros.

 

 

 

Publicado por Antônio Oliveira - Redação BCN - o Blog da Terra da Romaria!

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