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O Amor está a Esfriar




Um dia alguém indagou se após tantos anos da jornada humana na Terra se amor seria encontrado... num patamar em que diariamente os avanços tecnológicos deixam-nos atônitos, da mesma forma surpreende a gradativa extinção da compaixão, sensibilidade  e por conseguinte, do amor.

O trágico ao que parece virou atração. Isso se justifica facilmente quando diante de um acidente, por exemplo, muitos sacam celulares para registrar o momento e não atentam e socorrer possíveis vítimas. É a moda de “furo de reportagem” – todos ansiosos por dar a notícia primeiro, até antes da imprensa e dos profissionais da área, quais sejam, jornalistas. A “era da informação” trouxe inúmeros benefícios, mas, certos efeitos colaterais, dentre os mais graves, a falta de compaixão. Pelo andar da carruagem, não vai demorar muito para pipocarem nas redes sociais selfies em tragédias como um prêmio por registrar primeiro. Quem faz isso, não atenta para a tamanha exposição, não tem sequer noção de como essa informação deve ou vai chegar aos familiares e a todos. Talvez justifique a grande audiência dos programas policiais: a atração pela tragédia, não por compaixão, mas por algo que ainda precisa ser compreendido.

Vejo pessoas nas academias buscando não saúde, mas um corpo que possa exibir. Nos stories, demonstrações de egocentrismo, como se fosse da conta de todos o desejo de ser notado, aplaudido, admirado, cultuado. Isso é a réplica perfeita da falta da essência do amar. Nos dias atuais, se cultua o efêmero e se despreza o essencial. Mais uma das tragédias impulsionadas pelo amplo acesso às redes sociais e dispositivos eletrônicos. A era da comunicação vem se transformando na época da desinformação e desamor, justamente por acelerar o medíocre processo de orgulho. O amor segue a esfriar, qual uma refeição agradável a espera numa mesa vazia, enquanto quem devia desfrutar do banquete está entretido na lavagem dos porcos – tudo devidamente registrado e divulgado.

Será que o amor irá resistir? Talvez a minha idade e o avanço dela não permita conferir o desfecho. No entanto, os sinais são evidentes de que se nada mudar, o amor será  um artefato guardado em algum museu, sob forte segurança, como testemunha de que a Humanidade já foi – só restaram os cadáveres.

José Batista Neto


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