SALA DE LEITURA: Ramos da Vida

Domingo de Ramos. O cheiro de eucalipto tomava conta das dos arruados simples. Minha avó colhia folhas de palmeira para ir para a procissão de Ramos. O domingo que abria a Semana Santa. Ela, por escolha e promessa vestiu preto durante a Quaresma, devoção simples que mostra determinação e resistência. Também optou não comer carne, decisão louvável para um tempo em que as pessoas são avessas às regras e privações.

Logo via o padre montando um jumentinho, com paramentos vermelhos e a multidão cantando: "Hosana Hei, Hosana Há!..." muito respeito, demonstração de alegria representando aquela quando Jesus entrou em Jerusalém. Ele sabia que tinha chegado a hora e que em poucos dias, os acenos se transformariam em dedos acusadores exigindo a crucificação. Não diferente dos dias de hoje, em que todos os dias pregamos na cruz nossos semelhantes, pelo julgar, agir e desprezar a dor do vizinho.

A Igreja rescendia a fé e liturgia. Cânticos e a leitura da Paixão. Um Deus que se apaixona por uma humanidade que se encontrava perdida e que se encontrou quando o madeiro da terra foi erguido. Hosana ao Filho de Davi!

Era assim a Semana Santa...para muitos, motivos para farras, feriado, festas, praia...mas, para quem entende o sentido da Salvação, um momento para refletir sobre um Deus que se rebaixou à condição de homem simplesmente para salvar.

Deus dos simples, para os simples.

José Batista Neto.