OPINIÃO: Ditadura da Bandidagem
Uma arma e um cidadão amedrontado. Eis o Estado, que se diz de "direitos"
José Batista Neto
“Hoje as ruas logo cedo ficam desertas. Ninguém é ‘doido’ de ficar até mais tarde..”
Esse protagonismo entre tática falida e leis
penais que remontam à década de 40 do século passado resulta nesse cenário que
presenciamos boquiabertos, já que, moradores de cidades que eram sinônimas de
calma, estão tão violentas e com mesmos problemas quais grandes centros. É
preciso entender que existe a necessidade de mudanças profundas. Enquanto não,
melhor rezar todos os dias pedindo proteção, pois nem devidamente trancados em
nossas casas estamos imunes à ditadura da bandidagem.
José Batista Neto
“Até um tempo desses,
eu e a galera ia pra rua na noite do sábado, curtir, conversar, paquerar nas
praças. Não tinha preocupação”.
“Hoje as ruas logo cedo ficam desertas. Ninguém é ‘doido’ de ficar até mais tarde..”
Esses e tantos relatos se tornaram consenso em cidades que
até um certo tempo eram consideradas pacatas e boas para se viver. Esses
adjetivos foram suprimidos por uma onda sem precedentes de violência: desde
furto de celulares, carteiras, bolsas à assalto e, pasme você que me lê,
sequestro. Se não sequestram fisicamente, lá tomaram por refém a tranquilidade
e saudáveis costumes de outras épocas.
Vivemos num contexto social explosivo, em que a
criminalidade alimentada cotidianamente pela impunidade e por leis caducas
cercou o cidadão. Grades, cadeados, cercas elétricas, cães: recursos
indispensáveis para quem deseja, ao menos, ter uma leve sensação de segurança. Um não declarado “toque de recolher” foi
ditado pela bandidagem e por essa estrutura estatal fragilizada. Investimentos
que só assoberbam discursos e não passam de letras mortas em planos de governos
registrados em cartório para assegurar o cumprimento do avesso.
Quem conheceu cidades, para ilustrar essas linhas, a exemplo
de Camocim de São Félix, Sairé, São Joaquim do Monte, todas no Agreste de
Pernambuco, sabe muito bem de como eram esses centros urbanos até uns 10 anos
atrás. Não se falava tanto em assaltos quase diários. Estabelecimentos de forma
ousada roubados em plena luz do dia e com requintes e deboche à essência do
cidadão de bem, que tem uma arma apontada na sua cara.
Me impressiona o discurso do Governo, em princípio, a nível
estadual. Me espanta percorrer números que não refletem a realidade. Em peças
bem elaboradas por equipes de assessores, se passa uma imagem cênica que nem
por um segundo se aproxima do real. Esse idolatrado “Pacto pela Vida” está
falido. Alguns números indicam redução das ocorrências de homicídios, enfim, mas não
se respaldam quando confrontados com as ruas, rodovias, comércios, residências.
Numa determinada propaganda do Governo de Pernambuco, policiais militares são mostrados como se estivessem nos melhores dos mundos,
recebendo salários dignos e dotados de logística condizente com a
responsabilidade da profissão. É um engano querer incutir em nossas cabeças que
estamos seguros se, ao sair para comprar o pão posso ter meu smartphone e
dinheiro levados e ainda ser alvo de piada de ladrões que sabem que, mesmo
detidos, em poucos dias estarão nas ruas, prendendo-nos.
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