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CRÔNICA – O Carnaval está ficando caduco

José Batista Neto**




Digo e repito que em época dos festejos tradicionais meus dedos latejam para escrever sobre. Na verdade, ganham vida própria. Ficam traquinando, desobedecendo os comandos do cérebro e vai buscando um acordo para acessar as memórias mais remotas. Na estante “Carnaval”, os ávidos dedos sopram coleções de memoriais. São saudades de uma época que considero boa. Enfim: reservo o direito a você que me lê curiosamente a desconsiderar as linhas que se seguem ou questionar. São reminiscências, experiências pessoais, mas que dizem respeito a muitas pessoas.


Decerto, uma rica festa em que uma corrente elétrica parece correr de um canto a outro. O extravasar, como falam costumeiramente. Digamos que seja também a sensação de liberdade para fazer aquilo que numa linha de circunstâncias normais não se faria nem em sonho. Mas, deixamos de lado essa reflexão e voltemos a conversar sobre o que temos de Carnaval nos dias atuais. Muito está sendo perdido e com as sutilezas de “abrir espaços para outras culturas ou ritmos”. Isso é estranho. Na verdade, indecente. Quem tem um certo tempo de caminhada por este plano vai entender bem essas letras. Lembro de carnavais em que as crianças confeccionavam bombas de tubos de PVC para trocarem “tiros” de água. Uma algazarra! Era comum se comprar trigo e se misturar a uma tintura até obter uma cor forte e “melar” o rosto das pessoas. O mela-mela que desembocava nas bicas montada nas praças especialmente para o banho nas “manhãs-de-sol” carnavalescas. Por vezes íamos aos açudes, tomar banho ao som das machinhas e frevos.

Uma invenção diabólica, não tenho qualquer escrúpulo de afirmar foram os “paredões de som”. Esses equipamentos, extremamente ruidosos não transmitem nada além de um “bate-estaca” ensurdecedor e músicas que falam de sensualidade, instigando à pornografia e violência. Esses artefatos sufocam gradativamente as boas orquestras de frevo e todos os ritmos que prestam honra para a festa de Momo. O mais grave é que os carnavais de hoje em dia estão recheados de violência e de tudo que nada lembra os tempos de harmonia em que brincar era a meta.


Bom...suspendo por aqui minhas reflexões. Velho estou ficando e essa geração aproveita a vida à sua maneira. Quem sou eu, já de cabelos brancos diante do que se chama de divertimentos? Mas, finalizo com autoridade de sentença: já se foram os verdadeiros carnavais. Tá ficando caduco, ó festa; perdido na zuada...

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José Batista é Jornalista e editor web do BCN.

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