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SALA DE LEITURA: Domingo das Jovens Tardes

Tenho muita saudade de domingos que não voltam. Um dia esperado, jovem, bom de ser aproveitado. Vem na mente algumas entre tantas recordações boas que não podem se apagar, como um memorial para as gerações futuras de tempos em que era bom se viver com a calma da brisa que em outros tempos soprara nas árvores frondosas de um quintal qualquer.

O domingo já começava feliz com um sorriso sol a clarear as montanhas e acender as cores das casas, sobrados simples de cidade interiorana. O sino logo tocava as chamadas para a missa e nos rádios cantigas de saudades saudavam o dia das famílias, do descanso. Um tempo em que era possível se morar no sítio sem temer bandido. As famílias se deslocavam da cidade para o conforto das chácaras, no desejo de aproveitar cada segundo junto a natureza bela, sem resquícios de ação humana. Foi um tempo de boas infâncias, brincadeiras infantis. Não se pensava em tecnologias, nem em redes sociais. A melhor de todas as redes era o contato entre os vizinhos, familiares e amigos. O bate-papo  na sala das calçadas, com cadeiras em círculos e conversas soltas.

Após o almoço, o programa domingueiro seguia. As praças, calçadas se enchiam de pessoas. Uns, testavam habilidades em partidas de dominó. Crianças aproveitavam a tranquilidade das ruas para brincar de bolinha de gude, pique-esconde e outras brincadeiras. As conversas corriam soltas em risos de uma satisfação ancestral que foi desaparecendo no avançar dos tempos. Eram jovens as tardes de jovens que sentavam em bancos das praças na paquera. Casal de namorados comiam pipocas, trocavam carícias e juras de amor eterno.

Sabe, existia o clima de domingo. Esse foi aos poucos sendo apagado ou substituído por coisas sem sabor. Olho para as cidades e percebo o isolamento comum patrocinado pelas redes sociais. Pessoas na mesma calçada sem trocar uma palavra, apenas de forma frenética digitando em seus possantes smartphones. Perdeu-se o senso, o contato saudável e natural.

Eram jovens as tardes de domingo, de uma jovialidade pulsante e encantadora. Felicidade nas pequenas coisas, sob o a luz régia de um tempo que não volta. Felicidade de quem viveu.

Jovens tardes...

José Batista Neto

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